terça-feira, junho 06, 2006

"Au, au, au. Hi-ho hi-ho. Miau, miau, miau. Cocorocó."



Como é bom ser criança. Melhor do que ser criança é crescer ouvindo e aprendendo músicas e histórias de qualidade e com conteúdo relevante, informativo.

Em uma montagem completamente inovada de "Os Saltimbancos", peça infantil de Chico Buarque de Hollanda, o grupo teatral Mequetrefe conquistou o público infantil e adulto de Niterói. Os pais que levaram seus filhos para se divertir na peça tiveram uma grande e positiva surpresa, pois puderam dar muitas risadas e acabaram se sentindo crianças também. O roteiro é muito bem conduzido, os improvisos são feitos nas horas certas e o entrosamento entre os atores é notável.

Acabarei sendo repetitivo por estar sempre falando sobre competência nos meus textos aqui do "Salve a MPB", só que, mais uma vez, me deparei com outro grupo esforçado, que tem na alta qualidade do trabalho que faz uma prova concreta de que a arte nacional vive – só não tem oportunidade e espaço. Fico cá pensando com meus 'borbotões': "Esse espetáculo, sucesso de público e crítica, não pode ficar restrito a Niterói." É preciso que espaços sejam abertos para esse tipo de trabalho. Não podemos ficar à mercê da boa vontade de empresários. É necessário incentivar a cultura brasileira e aqueles que se esforçam pela propagação dela.

De pé e com palmas, saúdo Thais Galliac (gata), Juliana Gigante (galinha), Daniel Chevrand (cachorro) e Thiago Tenório (jumento), além de toda a equipe, que "andou pra burro" para transformar uma simples peça infantil em uma atração repleta de dicas para a formação das crianças que lá estiveram. Os marmanjos que foram ao Teatro da UFF também tiveram a oportunidade de perceber críticas sociais insertas nas falas e nas canções durante toda a encenação de "Os Saltimbancos".

Vou ficando por aqui com a certeza de que esse belo trabalho será futuramente reconhecido em outros palcos do país e na torcida para que esse esforço possa servir de exemplo a outros grupos que vislumbram um futuro vitorioso e de sucesso.

Direção Geral: Thais Galliac e Juliana Gigante. Direção Musical: Bruno Silva. Direção de Atores: Orleni Torres. Roteiro: Thais Galliac, Juliana Gigante, Thiago Tenório e Daniel Chevrand. Piano: Victor Saraiva. Produção: Vox Produções.

sexta-feira, junho 02, 2006

"O Poeta, A Rosa e As Canções" – Um projeto, uma oficina, um show.



Por Natália Guimarães / Foto: Natália Arduino

Mão e Luva! Alguém gritava da platéia provocando risos nos que entendiam a situação. Isso é uma história que nós vamos explicar, dizia Pedro Luís...

O show "O Poeta, A Rosa e As Canções" foi a conclusão de uma oficina que aconteceu no Sesc de Copacabana. O projeto de reunir músicas inéditas de Pedro e clássicos brasileiros gravados por duplas foi concretizado, em um espetáculo com a participação de Pedro Luís e Roberta Sá nos vocais; Celso Alvim na percussão e Marcello Gonçalves no violão de 7 cordas.

Durante seis encontros, os participantes acompanharam o processo de concepção e execução do espetáculo musical - desde a escolha de tons e definição das interpretações, passando pela elaboração dos arranjos instrumentais, ensaios, montagem do cenário, afinação da iluminação, passagem de som, até finalmente, o show aberto ao público.

Todas as etapas foram acompanhadas pela diretora de cena Bianca Ramoneda; pelo diretor de palco Mário Micco e pela produtora executiva Gabriela Azevedo. Os ouvintes - mesmo na posição de observadores - puderam fazer questionamentos, participar dando opiniões, ajudar na produção e até sugerir músicas ao repertório.

Três semanas. Dois encontros semanais. Apesar do curto período para a sua concepção, o show foi um sucesso. Os participantes da oficina se sentiram realizados ao ver o resultado do trabalho do qual fizeram parte. Além disso, o público demonstrou intensa aprovação entusiasmando-se até com a possibilidade de um CD.

No show foram apresentadas canções lindíssimas de autoria de Pedro Luís, inéditas em sua maioria. "Ponto enredo" abriu noite com suas palmas sincopadas. Em seguida, "Joana" e "Maria Joana" – a segunda, música de Sidney Miller, gravada por Gal Costa no disco Domingo de Gal e Caetano Velloso, de 1967 – e "Os Beijos". Em menção à dupla Elza Soares e Miltinho, Roberta e Pedro dividiram o pout-pourri "Beijo na boca" e "Requebre que eu dou um doce" gravadas no disco Elza, Miltinho e Samba. "Sonho de amor e paz" de Vinícius de Moraes e Baden Powell serviu de inspiração para a canção "Samba do amor e ódio" de Pedro Luís em parceria com Carlos Renó. Tematizando o show, "Louco por rosa" de Pedro Luís. “Lua”, "Seresta" e "Valsa (Tudo está ali)" marcaram um momento suave e romântico da apresentação. Logo depois o clima começou a esquentar. "Fogo e Gasolina" – com seu estilo de duelo ping-pong - causou uma perda nos olhares da platéia entre Pedro e Roberta. Seguindo, um embalo de samba praieiro de "Cantiga" com citação à "Maricotinha" - sugerida por um dos integrantes da oficina – e "Girando na Renda" fecharam o show deixando a platéia eufórica. No bis, duas músicas: a inédita "Mão e luva" e "No Braseiro", gravada por Roberta Sá em seu primeiro disco.

O cenário casava-se com a iluminação. Duzentas e trinta rosas feitas de ferro - uma a uma - foram penduradas no teto. Nelas, contrastavam-se luzes vermelhas, simulando estarem em brasa; brancas, azuis, verdes e muitas outras que coloriram o cenário.

Um espetáculo inesquecível para quem participou, marcante para quem assistiu e desejoso de que vá além de uma única apresentação.