domingo, agosto 13, 2006

A voz da alma e o fole de fôlego


Por Jorge Moutinho

A voz suave, melodiosa, firme de Mônica Salmaso, embebida do mais puro mel da boa música popular brasileira, adicionada – verbo tão em moda em tempos de internet, msn, skype etc. – ao acordeom tão virtuosamente "foleado" por Toninho Ferragutti, que vale por um conjunto de baile ou – por que não? – até por uma orquestra. Esta é a receita de um extraordinário encontro de talentos que se viu em julho (duas únicas e disputadas apresentações) no palco do Teatro Rival, no Rio de Janeiro – na ocasião, quando vieram de São Paulo ao Rio de Janeiro para fazer os shows, os dois aproveitaram para dar uma bela entrevista a Ruy Faria (ex-MPB-4) no programa "De papo pro ar", na InterativaWebTV (www.interativawebtv.com.br).

No palco (aguarda-se um CD na agenda repleta dos dois), Mônica e Toninho lapidam pepitas como Santinha da serra, de Moacyr Santos (ao maestro de tantas "coisas" extraordinárias, nossas homenagens) e Vinícius de Moraes; Recenseamento no morro, de Assis Valente; a quase trágica Vingança (Francisco Mattoso e José Maria de Abreu), do repertório de Gastão Formenti; e tantas outras, com direito a uma canção do repertório do "sertânico" Elomar Figueira de Mello, "caboclo" de Vitória da Conquista (Bahia), da região das barrancas do Rio Gavião.

Profissionalismo, bom gosto, respeito à MPB e aos ouvidos do público, emoção à flor da pele. É nisso que dá o encontro de Toninho Ferragutti e Mônica Salmaso – a qual se revela no show uma exímia contadora de "causos". Como resultado, uma embevecida e emocionada platéia, sempre atenta para mais um bis. A música popular brasileira agradece.

sábado, agosto 12, 2006

Quarenta em Cy!


Foto: Natália Arduíno

A cidade de Niterói, através do Teatro da Associação Médica Fluminense, recebeu o Quarteto em Cy para a gravação do DVD em comemoração de seus 40 anos de carreira. O show em homenagem a Dorival Caymmi e a Vinícius de Moraes reuniu um repertório muito bem escolhido, reunindo as principais obras desses "monstros" da Música Popular Brasileira.

E ninguém melhor do que Cynara para falar sobre mais essa realização, agora, após 40 anos de estrada:

"Não sei se já tive a oportunidade de falar sobre a gravação do DVD. Mas falo novamente: foi muito legal, o público maravilhoso, os músicos tinindo...
Tivemos um probleminha de som logo no começo, por conta do meu microfone que pifou, problemas técnicos, mesmo. Mas em seguida rolou tudo muito bem, o público foi avisado e deu um show de paciência, participando de tudo. Tivemos as participações do Ruy e do Chico Faria que muito nos honraram. Agora é mixar e fazer os links com depoimentos de pessoas ligadas à nossa carreira, como Carlos Lyra, Toquinho, Chico, e talvez o Dory Caymmi, se ele estiver no Brasil. Tomara! Beijos a todos e espero ansiosa pelo lançamento desse DVD que amei fazer. Cynara"

Ao Quarteto em Cy, com palmas e de pé, minha mais emocionada e feliz reverência pelo show de gravação do DVD - 40 anos de carreira. Além de homenagear as pessoas certas: Caymmi e Vinícius, um repertório impecável e seis vozes ímpares. Seis vozes?! Sim, pois as meninas são um show a parte, mas a participação do Ruy e do Chico Faria foram especiais demais. Novamente, com palmas e de pé, reverencio Cybele, Cynara, Cyva e Sonya (formação no palco), além de todos os músicos e equipe. Saravá! Niterói agradece o presente!


Com a licença do "Poetinha" - "Se todos fossem iguais a VOCÊS que maravilha viver..."

* Saiba mais sobre o Quarteto em Cy

E a Bossa continua Nova!


Fui parar no Mistura Fina, casa de shows aqui no Rio de Janeiro, a convite de Roberto Menescal para assistir ao show "Swingueira", mesmo nome dado ao mais recente álbum dele com Wanda Sá. . No palco: Roberto Menescal (voz e violão), Wanda Sá (voz e violão), André Souza (piano), Adriano Giffoni (baixo acústico) e Márcio Bahia (bateria) comprovaram que a nossa Bossa continua Nova, trazendo para o público um repertório mesclando o consagrado e novo, com selo de garantia de quem criou e viveu a Bossa.

O show é marcado pelas parcerias antigas e marcantes de Menescal com Ronaldo Bôscoli (Mar Amar, Errinho à toa, A morte de um Deus de sal, Copacabana de Sempre e Telefone), Lula Freire (Vai de vez, Amanhecendo e Adriana), Chico Buarque (Bye, Bye Brasil) e uma nova com Wanda Sá, intitulada "Ninguém". Além de contar com músicas de Billy Blanco (A Banca do Destino), Vinícius de Moraes e Baden Powel (Tem Dó) e uma nova composição de Pery Ribeiro, chamada "Um abraço no Menescal e no Bôscoli", homenageando uma das mais bem sucedidas duplas de compositores da MPB, com muita justiça.

Em um formato tradicional, Roberto Menescal e Wanda Sá, intercalaram músicas e histórias. Ah! Histórias da Bossa Nova. Se eu pudesse, pediria que eles fizessem um show só de histórias, pois eleva a alma, engrandece o pensamento, alimenta o nosso viver e reflete o que realmente há de bom na Música Popular Brasileira. Um banquinho e um contador de "causos" da Bossa. Algo mais? Talvez o violão, pra depois!

Apesar de ter ficado muito satisfeito com a qualidade do show, com as músicas e com os músicos, não posso negar que algo me chamou muito a atenção. Como eu disse acima, a nossa Bossa continua Nova, mas o público não me pareceu renovado, infelizmente. Não tenho certeza da capacidade do Mistura Fina, mas contei nos dedos da mão esquerda quantos jovens (na idade) estavam presentes. Eram quatro, contando comigo. E olha que a casa estava lotada, chutando pouco mais de cem lugares. Ainda assim, pelo belo espetáculo, fiquei satisfeito.

Salve Roberto Menescal! Salve Wanda Sá! Salve a MPB!